Novo camaro ss e lançado no Brasil cabriolet

13/09/2014 23:07

Muscle cars são carros que jamais precisaram de justificativas. Racionalmente, eles não fazem e nunca fizeram sentido: grandes por fora, apertados por dentro, visibilidade sofrível, barulhentos, motor demais para o conjunto, consumo alto... A resposta a tudo isso é um trovejante "e daí?". pulsando da dupla saída de escapamento, ritmados por um V8 de grande deslocamento e virabrequim de plano cruzado. Muscle cars são tudo sobre a experiência, um sabor rústico e egoísta do prazer de acelerar em estrada

MENOS LATA, MAIS PESO

Devaneios à parte, vamos entrar na graxa. A Chevrolet brasileira trouxe o Camaroconversível, que ela chama de Sunrise, na mesma configuração que a versão cupê: V8 6.2 de 406 cv a 5.900 rpm, 56,7 mkgf de torque a 4.600 rpm (a marca declara o 0 a 100 km/h em 4,8 s, com máxima limitada eletronicamente a 250 km/h) equipado com sistema de desligamento parcial de cilindros, câmbio automático de seis marchas com opção de trocas manuais por aletas atrás do volante, pneus Pirelli P-Zero e freios Brembo, head-up display (projetor de velocidade e rpm do motor em uma película transparente diante dos seus olhos) sistema multimídia My Link com tela de 7", bancos aquecíveis e câmera de ré com sensor de estacionamento. O preço é cerca de 10% mais caro: R$ 239.900 - e se você achou que tinha se livrado do Camaro amarelo, saiba que a cor voltou ao catálogo, exclusiva para a nova versão.

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E quando uma marca pega um carro e arranca o teto, temos bem mais do que ganhar a opção de torrar a careca (capriche no protetor solar!) dirigindo. Para quem está a bordo, a experiência com o ambiente se altera dramaticamente - liberdade é um clichê inevitável. A luz, o vento e a atmosfera (seja do sol do campo ou da cidade à noite) invadem a cabine e interagem com os ocupantes, sua relação com o espaço muda e fica mais conectada, pois você não vê o mundo mais por escotilhas. Acima de tudo, você ouve muito mais o ronco do motor e o cantar dos pneus.

Condense o último parágrafo com o primeiro e você começará a entender o murro que é acelerar um muscle car conversível. É o mais próximo que você pode chegar do "Sem Destino" (Easy Rider, filme de 1969) sobre quatro rodas.

O conversível pesa 126 kg a mais (numa soma assombrosa de 1.916 kg) que o cupê, e se você se perguntar como um carro com teto de lona (o mesmo tecido usado no Corvette, com isolamento acústico) pesa mais, lembre-se que o mecanismo elétrico de abertura (com trava manual) é bastante complexo - e também rouba 30 litros do porta-malas, que agora tem 290 litros. Mas mais do que isso, para não abdicar da experiência ao volante, a Chevrolet fez questão de manter a carga de amortecedores e molas iguais às da carroceria cupê - e isso exigiu uma série de reforços estruturais no assoalho e no arco formado pela base da coluna A até a base da porta dianteira. Com a estrutura, o Camaro também pôde dispensar os arcos de proteção para a cabeça (o santantônio) resultando em um design mais limpo com a capota abaixada.

Com a capota fechada - processo que leva 20 s e só pode ser feito com o automóvel estacionado, com o câmbio na posição P -, há algumas sutis diferenças para o cupê. Além da óbvia diferença de material (a Chevrolet dispensou a capota de metal para manter o estilo fiel ao original da década de 1960, além de custar muito menos), o teto do conversível tem outro design: a queda da coluna traseira tem ângulo mais acentuado e isso, combinado ao vigia (que usa vidro térmico) e vidros laterais traseiros reduzidos, compõem uma aparência mais classuda e menos dinâmica que o irmão de teto rígido.

NASCAR

Nosso contato com o Camaro conversível foi breve e bastante limitado: aChevrolet nos entregou a chave do muscle dentro da pista circular de seu campo de provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, SP, - e com a velocidade máxima reprogramada para 200 km/h. Com isso, ficamos sem saber como ficou a dinâmica do veículo em relação à versão cupê em termos de estabilidade de geometria em curvas ou a reação em mudanças de direção com os 126 kg a mais de massa.

Contudo, foi interessante ter vivido uma experiência ao estilo da Nascar - lembrando a tradição dos pace cars conversíveis nos autódromos americanos -, ainda que circulando no sentido horário. A pista, que simula uma reta infinita, tem 4,3 km de extensão e diâmetro de 1,4 km, equivalente a nove estádios do Maracanã.

A 200 km/h, com o guard-rail lambendo a lateral esquerda do Camaro, o ronco do V8 ressoa nas lâminas de aço e invade a cabine, brigando com a tempestade de vento que castigava os ouvidos e cabelos. É uma experiência muito mais intensa e empolgante que no cupê. 

Chevrolet Camaro Sunrise

Por Juliano Barata / Fotos: Renato Durães

Muscle cars são carros que jamais precisaram de justificativas. Racionalmente, eles não fazem e nunca fizeram sentido: grandes por fora, apertados por dentro, visibilidade sofrível, barulhentos, motor demais para o conjunto, consumo alto... A resposta a tudo isso é um trovejante "e daí?". pulsando da dupla saída de escapamento, ritmados por um V8 de grande deslocamento e virabrequim de plano cruzado. Muscle cars são tudo sobre a experiência, um sabor rústico e egoísta do prazer de acelerar em estradas.

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Condense o último parágrafo com o primeiro e você começará a entender o murro que é acelerar um muscle car conversível. É o mais próximo que você pode chegar do "Sem Destino" (Easy Rider, filme de 1969) sobre quatro rodas.

Chevrolet Camaro Sunrise

MENOS LATA, MAIS PESO

Devaneios à parte, vamos entrar na graxa. A Chevrolet brasileira trouxe o Camaroconversível, que ela chama de Sunrise, na mesma configuração que a versão cupê: V8 6.2 de 406 cv a 5.900 rpm, 56,7 mkgf de torque a 4.600 rpm (a marca declara o 0 a 100 km/h em 4,8 s, com máxima limitada eletronicamente a 250 km/h) equipado com sistema de desligamento parcial de cilindros, câmbio automático de seis marchas com opção de trocas manuais por aletas atrás do volante, pneus Pirelli P-Zero e freios Brembo, head-up display (projetor de velocidade e rpm do motor em uma película transparente diante dos seus olhos) sistema multimídia My Link com tela de 7", bancos aquecíveis e câmera de ré com sensor de estacionamento. O preço é cerca de 10% mais caro: R$ 239.900 - e se você achou que tinha se livrado do Camaro amarelo, saiba que a cor voltou ao catálogo, exclusiva para a nova versão.

Chevrolet Camaro Sunrise

Chevrolet Camaro SunriseO conversível pesa 126 kg a mais (numa soma assombrosa de 1.916 kg) que o cupê, e se você se perguntar como um carro com teto de lona (o mesmo tecido usado no Corvette, com isolamento acústico) pesa mais, lembre-se que o mecanismo elétrico de abertura (com trava manual) é bastante complexo - e também rouba 30 litros do porta-malas, que agora tem 290 litros. Mas mais do que isso, para não abdicar da experiência ao volante, a Chevrolet fez questão de manter a carga de amortecedores e molas iguais às da carroceria cupê - e isso exigiu uma série de reforços estruturais no assoalho e no arco formado pela base da coluna A até a base da porta dianteira. Com a estrutura, o Camaro também pôde dispensar os arcos de proteção para a cabeça (o santantônio) resultando em um design mais limpo com a capota abaixada.

Com a capota fechada - processo que leva 20 s e só pode ser feito com o automóvel estacionado, com o câmbio na posição P -, há algumas sutis diferenças para o cupê. Além da óbvia diferença de material (a Chevrolet dispensou a capota de metal para manter o estilo fiel ao original da década de 1960, além de custar muito menos), o teto do conversível tem outro design: a queda da coluna traseira tem ângulo mais acentuado e isso, combinado ao vigia (que usa vidro térmico) e vidros laterais traseiros reduzidos, compõem uma aparência mais classuda e menos dinâmica que o irmão de teto rígido.

Chevrolet Camaro Sunrise

NASCAR

Nosso contato com o Camaro conversível foi breve e bastante limitado: aChevrolet nos entregou a chave do muscle dentro da pista circular de seu campo de provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, SP, - e com a velocidade máxima reprogramada para 200 km/h. Com isso, ficamos sem saber como ficou a dinâmica do veículo em relação à versão cupê em termos de estabilidade de geometria em curvas ou a reação em mudanças de direção com os 126 kg a mais de massa.

Contudo, foi interessante ter vivido uma experiência ao estilo da Nascar - lembrando a tradição dos pace cars conversíveis nos autódromos americanos -, ainda que circulando no sentido horário. A pista, que simula uma reta infinita, tem 4,3 km de extensão e diâmetro de 1,4 km, equivalente a nove estádios do Maracanã.

A 200 km/h, com o guard-rail lambendo a lateral esquerda do Camaro, o ronco do V8 ressoa nas lâminas de aço e invade a cabine, brigando com a tempestade de vento que castigava os ouvidos e cabelos. É uma experiência muito mais intensa e empolgante que no cupê. 

Chevrolet Camaro Sunrise

A 120 km/h, como se trata de um carro grande e de para-brisas amplo, a experiência é confortável, quase sem perturbações aerodinâmicas aos ocupantes. Também não notamos nenhum ruído estrutural ou de acabamento, algo quase inevitável na maioria dos conversíveis - mas as condições artificiais em que avaliamos o carro podem ter sido determinantes para isso.

Camaro é um tipo de carro que mistura todo tipo de perfil. Se boa parte dos compradores da versão estará mais interessada em desfilar em portas de baladas ou em viagens ensolaradas para o litoral, nossa sugestão é justamente o contrário disso: encha o tanque, abra o teto, desligue o som e fuja para uma estrada de serra durante a madrugada. Sem destino - e sem censura no pé direito.


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