Enquanto o A200 e seu motor 1.6 turbo de 156 cv representa a serenidade e tranquilidade do Dr. Henry Jekyll, o A45 e seu tempero apimentado da preparadora AMG (a versão diabólica é equipada com o 2.0 capaz de despejar brutais 360 cv) é a personificação da monstruosidade de Edward Hyde. E é exatamente aí que entre o A250: se você quer ter algum prazer com um Classe A sem precisar vender um rim - o A45 AMG sai por "singelos" R$ 260 mil -, essa é a versão ideal para você.

Basta uma olhada rápida para se apaixonar pelo design instigante: as linhas fluídas da versão de entrada se encontram com o pacote AMG, que inclui para-choques com uma faixa vermelha no centro e entradas de ar maiores, rodas exclusivas de 18 polegadas, grade dianteira em formato de colmeia e spoiler invocado. Ao entrar no carro, a empolgação continua: a Mercedes foi muito bem ao combinar as linhas clássicas com o acabamento que imita fibra de carbono, os detalhes em vermelho no painel, o tecido Alcantara no revestimento dos bancos e a ideia das belas saídas de ar inspiradas em hélices de avião importadas do saudoso SLS AMG.

O cartão vermelho vai para a tela de 14,7 centímetros da central multimídia que domina o centro do painel: a primeira impressão é de que um sobrinho pentelho esqueceu um tablet de primeira geração por ali. Nesse quesito, a Mercedes poderia ter seguido os passos do Audi A3 e adotado uma peça retrátil. Se está quase tudo perfeito para quem vai na frente, não pode se dizer o mesmo dos passageiros traseiros: o espaço interno não é nenhuma maravilha e ocupantes mais altos podem ter alguns problemas com o esmagamento dos meniscos.

Pois bem, vamos ao que interessa.Basta algumas primeiras pisadas mais firmes no volante para ver do que o motor 2.0, turbo, capaz de liberar 211 cv e 35,7 mkgf de torque, é capaz. Esqueça a cavalaria, aqui o grande trunfo é o torque: em conjunto com o câmbio DCT, com sete marchas e dupla embreagem, o motor trabalha muito bem entre 2.000 e 4.000 mil rpm, o que faz com que o A250 seja extremamente divertido de pilotar. 

A única ressalva fica por conta de alguns vacilos da transmissão na hora das reduções em rotação mais altas e a suspensão dura demais, que combinada com as esburacadas ruas e estradas brasileiras podem aumentar o faturamento do seu ortopedista. Segundo a Mercedes, o A250 é capaz de acelerar até os 100 km/h em 6,6 segundos (1,7 s mais rápido que o A200 e 2 s mais lento que o A45 AMG), mas nossos testes na pista na edição 77 marcaram 7,2 s.

Some tudo isso ao acerto afinado e preciso da direção, os pneus de perfil baixo e o coeficiente aerodinâmico de apenas 0,27 cx ( o melhor da categoria), e estamos diante de um hot hatch de respeito. O preço para levar um Mercedes mais divertido para casa? Salgados R$ 163.500. Apesar disso, o valor ainda é bem competitivo para a realidade (ou seria irrealidade?) brasileira: o Mercedes A250 é pouco mais de R$ 10 mil mais em conta que os R$ 173.950 cobrados pelo seu grande rival, o BMW 125i M Sport.